quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

A PESSOA HUMANA E O MITO

A PESSOA HUMANA E O MITO

Essa recente polemica feicebuquiana em torno da morte do Fidel - e que tem sucitado as tradicionalmente acirradas (e frequentemente raivosas) discussões sobre se ele foi bacana ou se foi um monstro - além de me mostrar a dificuldade que a maioria das pessoas tem de, além de terem suas opiniões e convicções pessoais, também terem um olhar mais isento e panorâmico (já fui até gozado por causa disso) para poderem apreender uma perspectiva histórica mais correta de uma forma mais neutra, sem muitas emocionalidades, também me sucitou uma reflexão sobre o Mito.

Todo mundo que alcança uma grande popularidade e que faz uma grande diferença no coletivo, acaba “ganhando” uma outra persona – antropológica, sociológica e psicológicamente falando : uma personalidade mítica, quase arquetípica.

E esta personalidade ganha no coletivo um significado e um simbolismo que não necessáriamente é totalmente coerente com a pessoa física original em seu aspectos humanos pessoal, doméstico, profissional, psicológico. As vezes é até bem paradoxal.

Este Mito, como grande ídolos, vem representar e inspirar no imaginário coletivo, ideais, posições ideológicas e filosóficas, crenças, esperanças, e vem frequentemente catalizar posturas, atitudes e movimentos.

E assim temos os nossos mitos e também os nossos anti-mitos. Todos, diga-se de passagem, sem uma unanimidade que traduza uma conclusão comum. Todos. Todos com luz e sombra, todos com defeitos e qualidades, com bons e maus feitos, com erros e acertos.

Vamos lembrar então – além do citado Fidel - de Guevara (que era homofóbico e racista), Hitler (que se por um lado fez o que fez, por outro transformou uma Alemanha detonada em uma das maiores potencias da época), Marx (que era um péssimo pai de família e não era lá muito dado ao batente, e que inspirou um sistema que efetivamente nunca foi implantado no planeta da forma como ele bolou), Stalin e Mao (por que será que Stalin e Mao que mataram tanto ou mais gente que Hitler não são mitos tão negativos como o nazista?), Gandhi (que além de sua atuação politica ter gerado, com a independência, a divisão da India e com ela um massacre sem precedentes, era um pai ausente e teve um filho alcoólatra), Madre Tereza (que tem sobre ela muitas suspeitas de coisas bem feias), Freud (que era super vaidoso, centralizador e rancoroso, e que teve uma história doméstica cheia de questões), John Lennon (que teve séria depressão e sérios problemas com drogas) e por aí vai...

Então vemos que por um lado temos pessoas humanas, que como todos os humanos tiveram seus defeitos, erros, imperfeições, falhas, mas que por sua importância se transformaram em mitos que transcendem quem eles foram como pessoas físicas e porisso passam a simbolizar não aquilo que foram em suas dicotomias e incongruências humanas, mas que passam a simbolizar emblemáticamente causas, ideais, sonhos, muito maiores que eles mesmos, como se uma “pessoa física” passasse a funcionar como “pessoa jurídica” no inconsciente coletivo.



SOBRE A FELICIDADE

FELICIDADE


Como diz meu querido amigo Ricardo Mendes Iralem, a receita da felicidade é concordar que o mundo (a vida) seja como ele é, que o outro seja como ele é, e que se seja como se é. 

Claro que concordar aqui não quer dizer acomodação, conformismo ou complacência. 

Quer dizer não resistência ao que é, quer dizer não tentar controlar o que não pode ser controlado. 

O caminho da mudança, do crescimento, da expansão, começa com a aceitação consciente, inteligente e madura do que é, e com uma noção bem clara de aonde, quando e como faço a minha parte e aonde, quando e como o Universo, o Imponderável, faz a parte dele. 

Impermanência e equanimidade são dois conceitos muito presentes no Budismo. 

Desapego é um conceito muito presente no Hinduísmo. 

E são, com certeza, elementos importantes na realização da verdadeira felicidade (não estou falando de prazer fugaz e de gratificação dos sentidos, que são parte importante da vida mas que não levam à felicidade). 

São conceitos importantes no aprendizado da aceitação da imponderabilidade e da imprevisibilidade da vida.

Como dizia um professor meu, para o nosso nivel de seres humanos neste planeta, talvez a felicidade possivel seja sairmos cada vez menos do nosso centro, do nosso equilibrio, e ao sairmos, voltarmos ao centro cada vez mais rápido. 

E isso já é coisa abessa para nosso estágio humano atual.

Agora, para realizar Ananda, a verdadeira e eterna felicidade constitucional e essencial do Ser, é preciso meditar, meditar, meditar.

A DESONESTA ARTE DE DESQUALIFICAR PARA TENTAR TER RAZÃO

A DESONESTA ARTE DE DESQUALIFICAR PARA TENTAR TER RAZÃO

I.              Desqualificar as manifestações de ontem taxando-as de "midiáticas" não me parece exatamente correto já que os comícios das Diretas Já e as marchas dos Cara Pintadas também não deixaram de ser midiáticas e o perfil dos manifestantes da época não era muito diferente do de ontem.

Eu quero ver é os argumentos do PT e do governo para a enorme, imensa discrepância entre o numero de pessoas que foram para as ruas contra e as que foram pró PT e governo...

Sabe o que eu acho? É que a massa que vota em peso no PT é a imensa massa miserável e ignorante que não vai para as ruas e que vota no governo em função da velha e demagógica politica coronelista do clientelismo e do populismo, que há séculos mantém a massa miserável sempre miserável e ignorante para poder trocar seus abundantes votos por cestas básicas, telhas, tijolos, e promessas que nunca são cumpridas.

Afinal porque será que dinheiro para copas do mundo e olimpíadas sempre aparecem de forma rápida e farta enquanto escolas, universidades e hospitais apodrecem???

E você pensa que se mudar o governo e o partido vai ser diferente? Pensa que PMDB e PSDB vão fazer diferente??? 

Se fosse para mudar, o PMDB e o PSDB teriam mudado no passado, pois tiveram tempo prá isso, e o PT com 4 governos também teve, e nada de fato mudou.

Só mudou fachada, maquiagem, embalagem, como sempre tem sido desde Floriano Peixoto...

Claro que PT, PSDB e PMDB fizeram coisas boas, mas mudar efetivamente o sistema doente, mudar o jeito corrupto e injusto de governar, mudar a ideologia de dominação e de desigualdades (sem ditaduras!) ninguém realmente mudou, e não foi falta de tempo nem de fundos, foi falta de interesse e de vontade e uma falta crônica e aguda de ética e de moral.

II.             Desqualificar as manifestações de ontem porque os manifestantes eram a "elite branca" comprometida com a Globo e com o PSDB parece um exagero deliberado e tendencioso, na medida em que a elite não é tão grande assim (classe média agora também é elite?), com certeza uma boa parcela dessa galera votou em alguma eleição no Lula ou na Dilma e com certeza uma grande parcela estava contra a corrupção independente de governo e de partidos (não foi legal ver o Aécio e oAlckimin vaiados?).

Não deixa de ser engraçado ver elite acusando elite de ser elite. Claro que também tinha gente que queria Bolsonaro e os milicos de volta, mas vamos esperar que estes sim sejam minoria.

Mas o fato é que "por acaso" (acaso o cacete, por escolha da maioria na época) o governo vigente é do PT, mas se fosse de outro partido (tipo PMDB ou PSDB) neste atual quadro absurdo de decadência moral e ética na politica, muito provavelmente as manifestações seriam iguais (e com o PT apoiando, claro).

E é engraçado quando o Lula e a Dilma enchem a boca para falar que a classe média cresceu porque com os governos do PT o pobre ascendeu.

Afinal, se ontem as passeatas eram da elite, e classe média parece também ser considerada elite, afinal ser elite é bom ou ruim, já que o PT se orgulha de ter alçado à classe média, ou seja à elite, um montão de gente que era pobre?

Claro que a corrupção não começou nem piorou com o PT (êta povinho de memória fraca... lembra Sarney, Collor, FHC?), apenas como o PT parecia trazer uma proposta de ser a antítese disso tudo aí, a indignação, a decepção e a revolta ficaram maiores, porque a tamanha incoerência foi muito inesperada e impactante.

E outra coisa, antes, quem roubava e corrompia era só rico (desonesto) porque rico (desonesto) sabe roubar.

Quando os "politicos do povo" do PT acessaram o pote de melado se lambuzaram, se embriagaram e não souberam "fazer direito" e tudo acabou vindo á tona de uma forma tão explosiva e tão transparente que ficou dando a impressão de que era a primeira vez que isso acontecia em um governo.

III.            Deus (seja lá quem ou como Ele for) me livre da cegueira de não ver que TODOS - governos e oposições, esquerdas e direitas - são igualmente manipuladores, corruptos, demagogos, mentirosos, oportunistas, aproveitadores e desonestos. É só se alçar ao Poder e logo tudo se nivela pela ganância, pela ambição, pelo egoísmo, pela mesquinharia e pela mediocridade. Deus me livre de segurar alguma bandeira, defender alguma posição, assumir algum lado, nessa "polarização" surreal onde os dois lados são explícitamente errados, ruins e negativos (embora, claro, também tenham feito algumas coisas boas). 
Que Deus me mantenha sempre consciente, isento, lúcido, atento e à parte dessa guerra de máfias pelo controle do tráfico. Sou absolutamente consciente de que tudo e todos envolvidos são marionetes de um sistema maior que controla política e economicamente o planeta e que fomenta a dominação, a injustiça social, as guerras, a decadência ética e moral e a destruição ambiental. Continuo pensando globalmente e agindo internamente. Isso tudo que está acontecendo agora é só um reflexo do que está acontecendo dentro de cada um. E só vai mudar fora quando mudar dentro.

IV.            É um saco essa obrigação quase dogmática de se ter que ter um lado para defender, uma bandeira para segurar, um time para torcer. Um porre essa coisa de ter obrigatóriamente que se ter uma galera "do bem" (que é a nossa) e uma galera "do mal" (que é a dos outros que não são da minha galera).
 E todos enchem a boca para cuspir bons argumentos e justificativas sempre prá lá de procedentes e pertinentes.
 É claro, todos os governos fazem coisas boas. Mas o fato é que o sistema é visceralmente injusto e corrupto e corrompe a todos os que chegam no poder. Não há espaço para justiça, igualdade e fraternidade. 
É só estudar História e ser minimamente bem informado. E todos, há séculos, sofrem de amnésia pré-eleitoral e se iludem que "agora o partido tal vai resolver, agora o presidente tal vai consertar tudo". E isso nunca de fato aconteceu. A merda e o perfume vem sempre misturados. E por falar em merda, a percepção que eu tenho nesse atual momento é que eu teria que escolher entre comer merda de gato ou de cachorro. E eu prefiro o jejum...

A ultima vez em que votei foi quando o Lula ganhou da primeira vez. Depois nunca mais votei. Fiquei decepcionado com a discrepância entre o que eu esperava e o que aconteceu, e também fiquei de saco cheio de ter sempre que votar no "menos pior" que é o que eu vinha fazendo há 30 anos, até porque era o que era possivel fazer. Todos os que, em algum momento, eu pensei que eram "o melhor" acabaram ou se corrompendo ou mostrando quem realmente eram. Não voto mais. 
E nesse meio tempo, entre outras coisas, tive que ouvir que se eu não votava não tinha o direito de reclamar. Ora, meu direito de reclamar não vem do fato de ser eleitor, vem do fato de ser contribuinte (existem países em que o voto não é obrigatório, mas não existe nenhum em que pagar imposto é facultativo). 
Não voto em branco nem nulo, não apareço prá votar nem justifico. 
Pago minha multa e vamos em frente. Depois que descobri que posso atuar e contribuir de outras formas me sentí liberto dessa ilusão política. 
Sigo bem informado, com visão crítica, sei ler nas entrelinhas, mas não me envolvo mais. 
Não sou alienado, sou utopista, e como isso não existe porque não é possivel com este tipo de humanidade, não participo e atuo em outras frentes (a começar pelo meu próprio interior que já é bem complicado).

Parte superior do formulário
Parte inferior do formulário



SOBRE MEDITAÇÃO E TERAPIAS

MEDITAÇÃO E TERAPIAS


Me parece – como resultado parcial da minha reflexão em função de 40 anos de buscador e quase 20 de terapeuta – que a espinha dorsal, o foco central de qualquer processo de auto conhecimento e de cura deveria ser a meditação.
Quase todas as culturas antigas parecem corroborar este fato.
E quase todas estas culturas desenvolveram técnicas e métodos não só de meditação como também de práticas acessórias que vão dar suporte e complementar este exercício.
E o que me parece mágico é que meditação, como técnica, é a coisa mais simples que existe, oferecida para se resolver a mais complexa – a questão do equacionamento do sofrimento e das limitações humanas, e a re-experienciação de quem realmente se É.
Então eu queria aqui refletir sobre o processo da meditação como um todo, em seu aspecto mais amplo.
E vou focar aqui nas culturas orientais, que são as que conheço melhor.
Percebo que todas estas culturas desenvolveram, não só variadas técnicas de meditação, como também de práticas e exercícios que tem a função de complementar, elaborar, e expandir para todo o complexo humano, os benefícios auferidos com a prática da meditação.
Estas antigas culturas percebendo a complexidade do ser humano, não só desenvolveram estruturas de conhecimento e de técnicas que se propõe a trabalhar toda a dimensão do ser humano, mas também abordando o trabalho sempre do interior para o exterior e do exterior para o interior.
Assim, vemos por exemplo, no Yoga, como todas as abordagens – Jñana, Bhakti, Karma, Raja, Hatha – contém em si todas elas. 
Impossivel, por exemplo, Karma Yoga sem Bhakti, sem Jñana, sem meditação, sem trabalhar a dimensão psico-física, e por aí vai, numa compreensão milenar da natureza holística e sistêmica do ser humano.
Uma outra característica fundamental das culturas orientais é a presença de um Guru, de um Mestre espiritual.
Desta forma, o Guru pode desempenhar quatro funções na vida de um discípulo:
- Oferecer sua Luz, seu Amor, sua Paz, sua Energia
- Oferecer seu conhecimento e sabedoria
- Oferecer seu exemplo de vida
- Oferecer sua companhia física no dia-a-dia do aprendizado do discípulo.
Para se beneficiar dos três primeiros quesitos não é necessário que o Guru esteja vivo. Todos os devotos de seres iluminados como Ramana Maharshi, Ramakrishna, Nisargadatta, Yogananda, entre outros, recebem a Luz, os conhecimentos e o exemplo de vida de seus Mestres sem precisar te-los conhecido pessoalmente.
Mas tem o quarto quesito, onde o Guru funcionava como uma espécie de terapeuta, ajudando ao discípulo à compreender, elaborar, transmutar todo o material psico-emocional-energético que era liberado através das práticas de meditação, dos estudos, das práticas devocionais, das práticas psico-físicas.
Quando, lá pelos idos dos anos 60 e 70, a cultura oriental “invadiu” o ocidente, vieram os livros, vieram as técnicas, a culinária, as músicas, mas vieram pouquíssimos Gurus, e muito pouca gente pode se beneficiar do dia-a-dia com um Mestre ao seu lado dando suporte às práticas, aos obstáculos e aos resultados delas.
E aí, na minha “viagem na maionese” eu penso que a consciência planetária vendo isso, e vendo que o ocidente ia acordar para o acesso a dimensões e níveis de realidade bem mais amplas e profundas de si e da vida, e percebendo que a figura do Guru não faz parte da realidade ocidental, precipitou a figura do terapeuta.
Inicialmente através da Psicologia e da Psicanálise, e depois das terapias em geral.
O terapeuta viria cobrir a lacuna da quarta função do Guru, a de facilitar o acompanhamento e o suporte de um dia-a-dia no exercício de técnicas e métodos de auto cura e de auto conhecimento.
A diferença é que o Guru é um ser iluminado capaz de enxergar a profundidade da mente e da alma de seu discípulo. Sua função maior é levar o discípulo à iluminação, à experienciação de quem ele realmente É.
O terapeuta é um técnico, que aprendeu um método - e que se submete também a ele - e que está habilitado a dar suporte terapêutico no decorrer da jornada de seu cliente. Sua função é a de ajudar ao cliente a viver da melhor forma possível a sua humanidade.
Uma outra coisa que acabou acontecendo com a chegada do mundo oriental no ocidente é que o conhecimento veio fragmentado.
Os orientais sabiamente desenvolveram estruturas filosóficas, corpos de conhecimento, onde o discípulo trabalhava e exercitava todas as dimensões do seu ser – corpo/emoções/mente/energia/espírito – com um corpo de técnicas e métodos que envolvia todos os níveis e dimensões do discípulo.
Então, sob a supervisão de um Guru, ele meditava, estudava as escrituras, fazia exercícios psico-fisicos (como Hatha Yoga), se educava em conceitos éticos e morais, exercícios devocionais, etc.
Quando estas culturas chegaram aqui, elas não vieram trazendo toda esta complexidade, todo este corpo de conhecimentos e técnicas, até porque quando uma cultura entra em outra, ela nunca entra inteira, dadas as diferenças (e os impecílios) de ordem geográfica, histórica, cultural, antropológica e sociológica.
Então as técnicas que antes eram realizadas dentro de um conjunto de procedimentos, passaram a serem feitas e exercitadas isoladamente, como, por exemplo, a meditação e o Hatha Yoga, que foram as que mais se notabilizaram aqui.
E na minha opinião, esta fragmentação, aliada à falta do Guru presente, de alguma forma diminuiu e sub utilizou a potência e a eficácia destas técnicas, segundo o objetivo e a efetividade a que elas se propunham quando em seus locais e culturas de origem.
Neste processo inteligente da consciência planetária, onde percebendo a futura eclosão desta expansão, precipita a Psicologia criando a figura do terapeuta, ela pretende que as terapias possam de alguma forma suprir estas lacunas, servindo como auxilio e suporte nos processos de auto conhecimento e de cura psico-emocional.
Voltando ao inicio da conversa, e trazendo-a para meu universo particular pessoal e profissional, penso que as terapias são poderosas ferramentas auxiliadoras e complementadoras das práticas de meditação e de Hatha Yoga, ajudando a processar e transmutar mais rapidamente o material psico-emocional em sofrimento e limitação que emerge do inconsciente através destas duas práticas, e consequentemente ajudando a tornar mais efetivos e profundos os efeitos destas práticas, e de forma mais rápida e otimizada.


SOBRE NÃO VOTAR

SOBRE NÃO VOTAR
Tem gente que acha que muitas pessoas espiritualistas ou terapeutas que por terem um olhar sistêmico e holístico sobre a vida - e porisso eventualmente escolherem estarem mais neutras e isentas em relação à política e às eleições - são por isso pessoas alienadas e desconectadas da vida material objetiva e concreta. Vou então oferecer algumas reflexões e possibilidades, sem a pretensão de ser dono da verdade, nem de querer convencer ninguém:
1.    Estudar História (até mesmo de um passado bem recente) é uma boa forma de ver que desde sempre, a dinâmica da política, das eleições e o comportamento dos políticos (e dos partidos) é exatamente o mesmo. Os mesmos discursos e as mesmas promessas dos candidatos de hoje (e o mesmo descumprimento posterior), são os mesmos de 5, 10, 20, 40, 50, 100 anos atrás. Assim como o (mau)comportamento ético e moral dos políticos é o mesmo desde sempre. Eu já tenho 60 anos, já participei, sei lá, de 50 eleições talvez, e prá mim isso fica super nítido e claro. Mas parece que nas épocas de eleições as pessoas são envolvidas por uma nuvem de ilusão que cria uma grande amnésia em relação ao passado. Acho sinceramente que a esperança por dias melhores não precisaria fomentar este tipo de ilusão, e sim, levar à percepção de que deve ter alguma mensagem subjacente (mas gritando) a este antigo e terrível replay da eterna mesma coisa. Esta velha e nefasta recorrência com certeza traz oculta uma importante informação, que acaba ficando não acessada em função da (bem intencionada) auto-enganação coletiva - que sempre se cria no impulso desesperadamente esperançoso de mais uma vez se investir no “menos pior”, no "agora vai", no "esse cara (ou esse partido) vai mudar" - que invariávelmente acomete as pessoas nas épocas de eleição, numa ilusão fantasiosa de que em política realmente existem os "bons" e os "maus", os "certos" e os "errados".
Claro que estou generalizando, mas as excessões são tão poucas, que nunca fizeram alguma diferença realmente relevante. Além do mais, grande parte destes poucos bons, são geralmente sumariamente tragados pelo ralo poderoso do sistema.
2. Um olhar mais amplo e antenado sobre (e sob) o panorama planetário mostra claramente que existe um poder mundial, capitaneado principalmente pelos grandes bancos e pelas corporações transnacionais, que é quem dita as regras políticas e econômicas em todo o mundo, fomentando e mantendo as guerras, a dominação dos povos, a destruição da natureza e a manutenção de uma estrutura política (e partidária) visceralmente corrupta, dominadora e injusta. Prova é, que o capitalismo é o único sistema político/econômico que conseguiu vingar no planeta. E o capitalismo se nutre fundamentalmente de dominação, corrupção e injustiça. Ah, tá legal, já sei que tem gente que vai dizer: “O comunismo foi pior, matou mais gente, instaurou ditaduras terríveis, vejam a Russia, Coreia, China, Cuba, etc”. Ok, vamos então estudar Marx e ver que na verdade nunca existiu um verdadeiro socialismo na Terra, pois o marxismo nunca conseguiu passar da página 1, talvez até porque a natureza humana é fundamentalmente competitiva, egoísta, ambiciosa e hedonista, facilitando enormemente a expansão desse capitalismo tão focado na competição, no individualismo, na desigualdade e no consumismo.
3. Com um pouco de lucidez é fácil perceber que podemos fazer muita coisa pelo planeta e pela Humanidade além de votar e além de se envolver e se identificar com essa maya política como se isso fosse o supra sumo da realidade e como se participar deste tipo de política fosse uma função top de linha do ser humano no que diz respeito à sua atuação social, e como se isto fosse a coisa mais nobre que se pode e que se deve fazer. 
O fato é que podemos fazer muitas outras coisas, muitas mesmo, e talvez ações até bem mais substanciais e reais. E talvez muito mais transformadoras e profundas. Até porque, paradoxalmente, acaba que tudo na vida é política. Então talvez estabelecer e fomentar uma política ética e moralmente correta e justa em outros campos da existência (familia, trabalho, relacionamentos, natureza, etc.), seja uma das formas mais eficientes de se tornar ética e moralmente correta e justa a política partidária e eleitoral.
Dentro destas perspectivas, votar - na real, na real mesmo - só serve para continuar engordando este secular sistema onde a perpetuação dentro dele é a única real preocupação de quem está dentro.
Romantismos à parte (valendo para a esquerda caviar, coxinhas e para os saudosos dos militares), quem é que pode dizer aí quando e aonde (estou me referindo aqui ao terceiro mundo) que eleições, politicos ou partidos – e não me refiro aqui às maquiagens demagógicas de sempre, as obras de cunho eleitoreiro e ao assistencialismo clientelista que políticos e partidos são experts em operacionalizar para ganhar votos - efetivamente e substancialmente mudaram alguma coisa em níveis amplos e profundos na sociedade???
Continuo, portanto, acreditando piamente no velho jargão que diz que ninguém (nem direita nem esquerda) equaciona e promove efetivamente (estou dizendo EFETIVAMENTE) a saúde e a educação, porque ninguém controla e manipula um povo inteligente, culto e saudável. E a nenhum sistema ou regime interessa este tipo de povo.
4. Espiritualistas e terapeutas sabem muito bem (não por serem superiores ou mais evoluídos como pretendem estigmarizar os críticos) que o externo é reflexo do interno e que a qualidade da realidade que vivemos é um produto da qualidade espiritual/psicológica/emocional do ser humano. É uma resultante do nivel evolutivo do homem. E achar que mudando o externo sem mudar o interno vai se mudar realmente alguma coisa, é quase infantil.
E esta talvez seja a mensagem oculta que se esconde (mas que fica insistentemente sinalizando) por trás do famigerado looping que há séculos ressussita de 4 em 4 anos fazendo com que nossa esperança e nosso desespero por mudanças percam a lucidez e o discernimento e embarquem mais uma vez na ilusão do "agora vai", fomentando mais uma vez o equivoco de que mudando políticos, partidos ou sistemas de governo, dessa vez a vida vai melhorar.
Portanto, enquanto a politica for a mesma velha disputa de quadrilhas, meu voto é nulo. E quem me conhece sabe que estou longe de ser alienado ou desinformado, e sabe também que eu faço bem a minha parte.
E a propósito: o que me dá o direito de reclamar e protestar e o que me dá o status de cidadão não é votar. É ser contribuinte.


NÓS ACREDITAMOS QUE...

NÓS ACREDITAMOS QUE ...


Não é necessário forçar alguém a mudar, porque ninguém muda ninguém e só se tem o poder de mudar a si mesmo ;
Mas acreditamos que ao mudar a nós mesmos temos o poder de “contaminar“ o outro (porisso só se ensina com exemplos) ;
Acreditamos nas leis do karma, da sincronicidade e da ressonância, porisso não acreditamos no acaso e no azar, já que tudo tem função inteligente no movimento evolutivo da grande teia da Vida ;
Acreditamos que toda a Existência é consciente e inteligente, da partícula sub-atômica mais minúscula à maior galáxia . Não achamos que a Consciência e a inteligência são exclusividades de um cérebro humano cheio de neurônios ;
Acreditamos que ao contrário de sermos seres incompletos, imperfeitos, culpados, vítimas e pecadores, tal como aprendemos no passado, somos seres perfeitos, totais, plenos, completamente participantes e integrados na grande teia cósmica universal ;
E acreditamos que o nosso nó mais atávico e primordial, que o único véu que efetivamente nos separa da percepção e da experienciação de quem realmente somos (a Unidade) - e que é o que efetivamente provoca todos os sofrimentos e sentimentos de limitação - é a ignorância da nossa natureza real, a Unidade com todo o Universo ;
Não acreditamos na visão exclusivamente cartesiana e newtoniana da Vida, que foi quem determinou a direção e o desenvolvimento de nossa cultura, ciência, filosofia, psicologia, educação e medicina ocidentais ;
Acreditamos na visão holográfica, sistêmica, transpessoal e multi-dimensional do Universo, tal como nos tem contado os povos do Oriente, os Xamãs, e agora a Fisica Quântica ;
Acreditamos que todos são responsáveis unicos e totais por suas próprias escolhas e opções, e por seus pensamentos, palavras, sentimentos e ações . E que cada um tem o poder de construir e modificar - isto é, de co-criar - a sua própria realidade ;
Não acreditamos em culpados nem em vitimas, pois acreditamos que todos nós nos co-atraímos mutuamente em um exercicio constante e absolutamente perfeito e inteligente de evolução, expansão e crescimento ;
Acreditamos que todos somos espelhos uns para os outros nos refletindo mutuamente e constantemente, e que todas as experiências (pessoas, coisas ou circunstâncias) que atraímos foram escolhidas por nós – ainda que em âmbito inconsciente - e tem uma função perfeitamente inteligente no movimento evolutivo universal e no nosso crescimento individual ;
Acreditamos que a Vida consiste em uma parceria com o Imponderável : nós fazemos a nossa parte e o Universo faz a dele ;
Acreditamos que fazer a nossa parte é fazer o nosso melhor – porque deveríamos amar o que fazemos – e isso de forma nenhuma implica em rigidez, auto cobrança, culpa e excesso de perfecccionismo ;
E acreditamos que não podemos controlar a parte que cabe ao Universo, e que isto nos convida ao exercicio da aceitação, da confiança e do desapego ;
Acreditamos que o livre-arbítrio ao contrário de ser uma espécie de autonomia e independencia total e absoluta, é uma qualidade de profunda co-interdependência e co-interagência com todos os outros livres-arbítrios de todos os outros inumeráveis seres da Criação ;
Acreditamos que o complexo 5 sentidos/mente racional/ego são ferramentas maravilhosas para lidarmos com a vida tridimensional, material, objetiva e concreta, mas acreditamos também que o sexto sentido (também chamado de intuição, mediunidade, sensitividade, paranormalidade, PES) é a porta de acesso ao inconsciente humano e à multidimensionalidade da Existência, e à conexão mais consciente com seus infinitos niveis e energias ;
E acreditamos, assim como creem os Orientais e os Xamãs, que existe um “espaço“ em nossa mente - antes dos pensamentos - de onde, estabelecidos na perspectiva do eterno presente, podemos observar silenciosamente a Vida como testemunhas, como espectadores neutros, isentos e não interferentes, e acreditamos que este espaço - e a Consciência do Eu advinda da expansão deste espaço - pode ser recuperado através da meditação ;
Não acreditamos que exista uma luta cósmica do Bem contra o Mal, nem que exista alguma força no Universo trabalhando contra alguma coisa. Acreditamos que todo o Universo trabalha pela sua própria expansão através de um inteligente movimento de constante auto-regulação, e que para isso, são necessários exercícios, obstáculos, desafios, testes e provas, e que esta função cósmica tem sido equivocadamente interpretada por algumas religiões como sendo uma atuação do Mal.
E não acreditamos que o homem é produto final top de linha da Criação, nem que (quem quer que seja) Deus é alguém que criou tudo e está fora da Criação habitando algum paraiso distante onde poderei ou não estar no futuro, e muito menos que a Terra foi criada com o propósito de servir ao uso e desfrute deste ser “superior” que é o homem.
Acreditamos sim, que o homem é mais um entre os inimágináveis tipos de seres viventes nas infinitas multi dimensões do Universo, que de forma nenhuma ele é superior (nem inferior) a alguém ou a alguma coisa, que a Terra não foi criada para seu uso exclusivo, e, principalmente, que a Divindade é a própria Consciência, a própria Inteligência e Amor que permeiam toda a Existência;
Não acreditamos na fé cega e dogmática, e sim na construção de uma confiança interna e uma compreensão profunda que são frutos de um constante exercício que é vivencial, racional, emocional e intuitivo ;
Se você compartilha das nossas crenças, receba nosso abraço carinhoso e fraterno de Feliz Natal e Super super Ano Nôvo maravilhoso !!!
Se você não compartilha, receba também, porque nós respeitamos a diversidade e acreditamos que tudo no Universo está sempre certo e é sempre perfeito !!!


SOBRE A "PALAVRA DE DEUS"

SOBRE A “PALAVRA DE DEUS”

Há algum tempo venho matutando sobre os cristãos usarem o termo “A palavra de Deus” para se referirem à Bíblia.

E o primeiro pensamento que sempre me vem à mente ao ouvir isso, é que, até onde eu saiba, Deus nunca desceu à Terra com papel e caneta para escrever alguma coisa.

Ok, tô sabendo, Deus se utiliza de pessoas especiais para se manifestar através delas, como por exemplo – no caso da Bíblia – aconteceu com Moisés (que serve tanto para os judeus quanto para os cristãos), com os profetas e com os apóstolos.

O segundo pensamento que me vem em seguida, é sobre o que me parece ser a característica mais evidente de Deus em sua Criação – a diversidade.

E Deus caprichou na diversidade. São incontáveis tipos de minerais, vegetais, animais e raças humanas (com seus absolutamente singulares rostos e impressões digitais).

Porque então esse Deus da diversidade, só no que se refere à religião, seria exclusivista?

Para mim, me parece totalmente infantil e ingênua a ideia de que uma única religião, um único livro sagrado ou um único “salvador” sirva para todas os inumeráveis povos e civilizações sobre a Terra, com sua imensa diversidade histórica, geográfica, cultural, antropológica e sociológica.

Então não parece muito mais óbvio e lógico que esse Deus da diversidade, respeitando essa imensa diversidade que Ele mesmo criou, se manifestasse e se revelasse indistintamente para TODAS as civilizações e culturas, respeitando suas características históricas, culturais, antropológicas, etc.etc.?

Se você não é fanático religioso e nem está preso na ilusão de que só a sua religião é que é a certa e a melhor, pode, com um pouco de informação, perceber que Deus se utilizou de pessoas especiais para se manifestar e se revelar, ao longo de toda a história da Humanidade.

E aí podemos ver Maomé com seu Corão (o Islamismo), Vyasa com os Vedas (o Hinduísmo), Lao Tsé com o TaoTeKing (o Taoísmo) e por aí vai. E estes são só alguns. Todas as religiões tem seus profetas, seus livros sagrados e seus salvadores.

Se você não é fanático religioso e nem está preso na ilusão de que só a sua religião é que é a certa e a melhor, pode, com um pouco de informação e estudo das outras religiões, comprovar que TODOS os livros sagrados falam a mesma coisa.
Se você conseguir ser aberto e souber separar a essência dos ensinamentos da práxis religiosa e dos contextos históricos, culturais e sociais característicos das épocas em que estes livros foram escritos, poderá facilmente perceber que eles falam absolutamente a mesma coisa.

Ou seja, TODAS as religiões falam a mesma coisa pelo simples fato de que o Deus de cada uma é o mesmo Deus, independentemente dos incontáveis conceitos teológicos existentes.

Veja por exemplo: compare os Dez Mandamentos (dos cristãos e judeus) com os Yamas e Nyamas (do Hinduismo) e com o Caminho Óctuplo de Buddha, e você vai ver que falam absolutamente a mesma coisa. E olha que são muitos séculos de distância entre uns e outros escritos.

E aí, podemos ver claramente, que as “guerras santas” e que as abundantes formas de preconceitos religiosos que acontecem desde sempre na história do homem sobre a Terra, tem suas origens (vendo aqui apenas os aspectos religiosos da coisa) no que há de menos importante nas religiões: “Meu Deus é mais verdadeiro que o seu deus”, “Minha escritura sagrada é mais sagrada do que a sua”, “Eu sou de Deus e você, de outra religião, é do Demônio”, “Só o meu salvador é que salva”, “Minha Terra Santa é mais santa do que sua”, e por aí vai...

Porque se você realmente ler com espírito aberto e com um olhar isento e inteligente todas as “palavras de Deus” das variadas religiões, vai ver que, na essência, no que é realmente relevante e fundamental para o ser humano, TODAS FALAM AS MESMAS COISAS.

E como insight final, sempre me vem o sentimento de como é difícil para o ser humano - mesmo professando e crendo em uma determinada religião, adotando determinada abordagem teológica – considerar que o outro que professa outro credo, que tem outra religião, também está tão certo quanto você e que a religião dele é tão boa e tão verdadeira quanto a sua.

Isso é inteligência e maturidade espiritual. Isso é compaixão. Isso é fraternidade.