segunda-feira, 13 de julho de 2015

MINHA ESPIRITUALIDADE

Minha espiritualidade não está vinculada a nenhuma religião, tradição espiritual, seita ou escola filosófica ou psicológica.

Minha espiritualidade não está vinculada a nenhum Mestre, Guru, Guia ou Santo em especial.

Minha espiritualidade não está vinculada a nenhum ritual ou cerimônia religiosa.

Minha espiritualidade não privilegia nenhuma cultura, escritura sagrada nem nenhum tipo de musica sagrada em especial.

Minha espiritualidade não está vinculada a roupas, adereços, símbolos e objetos religiosos de nenhuma cultura.

Minha espiritualidade também não critica, não julga e nem discrimina quem está vinculado ao que citei acima.

Minha espiritualidade aceita e respeita como verdadeiras e sagradas todas as culturas, todas as religiões, tradições, Mestres, Gurus, escrituras sagradas, rituais e cerimônias

Minha espiritualidade é a da pessoa comum, simples e humana, que como filha do Universo caminha nesta Terra rumo a Si.


ERNANI FORNARI
SOBRE SER MARKETEIRO

Eventualmente sou chamado de marketeiro (de uma forma pejorativa) e isso me levou a compartilhar estas reflexões.

Provavelmente sou chamado de marketeiro – como se isso fosse feio ou errado - porque tenho sites, blogs, escrevo, faço vídeos, tenho canal no YouTube, edito livros, gravo CDs, e estou muito presente nas redes sociais.

A palavra marketeiro ganhou esta conotação depreciativa em função dos marketeiros das campanhas eleitorais.

Mas a rigor, marketeiro é quem faz marketing, ou seja, propaganda e divulgação de alguma coisa ou de alguém.

E na nossa sociedade ainda vigora a máxima que “a propaganda é a alma do negócio”.

Não acho que seja a “alma”, mas eu diria que é um dos principais motores que alavancam um negócio ou uma carreira.

Em uma primeira análise sobre o peso negativo que dão ao termo, eu vejo que há dentro disso algumas confusões feitas pela nossa cultura, ou mais propriamente pela religião vigente na nossa cultura, que, entre outras coisas, misturaram o conceito de auto valor com o de vaidade.

E também uma certa herança hippie e de esquerda que confunde a prosperidade material com riqueza burguesa e capitalista, e que consequentemente confunde também simplicidade com pobreza.

Vender bem – e honestamente - sua imagem ou seu produto está longe de ser vaidade.

Vaidade é quando se começa a competir, a querer ser melhor, e esta com certeza é a semente do capitalismo selvagem.

Vender-se bem e cobrar sem pudores e constrangimentos pelo seu trabalho, não é necessariamente vaidade ou doença capitalista. É antes de mais nada, auto valor (e consequentemente demonstrativo de eficiência e de competência).

É o valor que você deve dar a sua inteligência, ao seu esforço, ao tempo, neurônios e dinheiro que gastou para conquistar seu saber e seu espaço, em suma, é o valor que você dá ao seu trabalho e ao produto oriundo dele.

Isso que dizer que se você tem pudor em cobrar pelo seu trabalho e tem pudor de divulga-lo bem é porque seu auto valor deve estar baixo.

Numa época em que se pode fazer um bom marketing gratuito – através de sites, blogs, maillists, redes sociais, canais de video – e um bom marketing pago – folders, flyers, cartazes, anúncios na mídia - tudo o que se precisa é de estratégia e planejamento, e claro, auto valor para poder colocar o motor do seu marketing para funcionar.

Quando se entende que no Universo só funciona a “lei do ganha-ganha” (ao contrário do capitalismo que se constrói no “ganha-perde”), não é preciso mais se preocupar com concorrência nem com investir em competição, pois neste Universo todos sempre ganham. Mesmo quando perdem.

Então, terapeutas e demais profissionais autônomos, percam a vergonha cultural e religiosa, deixem os invejosos falarem (pois é a inveja que os move a te criticar) e faça um bom marketing do seu trabalho e da sua pessoa.

Venda seu produto e sua imagem sem medo de parecer egóico ou vaidoso.

Sua honestidade e sua ética são a salvaguarda contra estas armadilhas.

Você é a alma do seu negócio e a propaganda é o motor que o impulsiona.


ERNANI FORNARI
 A FORMA DE COMER PODE MUDAR O MUNDO?

I.               Esta semana conversando com um velho amigo, dinossauro do movimento alternativo brasileiro como eu, me ocorreram algumas reflexões.

“No meu tempo” – anos 70 e 80 – a alimentação alternativa da época era a macrobiótica, que ao contrário da alimentação viva e vegana que é a top atualmente, preconizava uma alimentação quase que totalmente cozida e à base de cereais.

E muitas curas aconteceram com esta forma de alimentação.

E da mesma forma que acontece hoje com as novas gerações alternativas, acreditávamos ingenuamente que mudando a comida mudaria a consciência, e mais ingenuamente ainda acreditávamos que mudando a forma de comer mudaríamos o mundo.

E muitos de nós foram bastante xiitas, fundamentalistas e messiânicos, como muitos da alimentação viva e vegana hoje o são, acreditando infantilmente nas mesmas coisas que acreditávamos.

E infantilmente ficávamos julgando e dividindo a humanidade entre os certos e os errados, entre os sagrados e os profanos, entre os conscientes e os caretas, baseados no que comiam, vestiam  onde viviam.

Estávamos errados? A galera jovem de hoje está errada? Claro que não!

É característica marcante da juventude querer mudar o mundo, e é fundamental que seja assim, pois os jovens estão no pico da energia, do poder de fogo de agir e da disponibilidade integral de abraçar causas.

E é este poder de agir geralmente meio quixotesco que acaba promovendo os movimentos coletivos e promovendo as mudanças que são possíveis (e não necessariamente as que estas pessoas desejam, e da forma e no tempo que desejam).

Quando estes jovens amadurecem e não se estagnam nem viram caretas, adquirem a sabedoria de perceberem e entenderem (e aceitarem) a complexidade e a sutileza inerentes ao exercício de viver, e aprendem que as questões fundamentais da existência passam muito longe das soluções filosóficas e ideológicas focadas em propostas externas.

A maturidade aprende que o externo não pode mudar o interno.

Entende que o interno transformado é que pode transformar o externo.

E não são meios externos que podem mudar o interno. Nem comida, nem tipo de roupa, nem tipo de musica, nem o lugar onde se vive.

Comer corretamente, vestir roupa de tal cor ou jeito, só ouvir musica espiritual, morar no campo, nada disso garante um ser humano equilibrado e harmônico.

Tudo isso pode ajudar como eventuais coadjuvantes. Não como fatores determinantes.

Se toda a população mundial de repente passasse a se alimentar de forma viva e vegana mas não trabalhasse profundamente suas questões internas, suas velhas memórias e registros, seus velhos padrões e crenças vindos da gestação, da infância, da adolescência, das vidas passadas e da ancestralidade, seus medos, raivas, tristezas, defeitos, falhas e imperfeições humanas e as suas questões mal resolvidas com os pais e com a prosperidade – coisas que comida por melhor que seja, não tem como transformar – provavelmente pode até ser que melhorasse a qualidade do ar, da água, do solo, dos animais e da natureza em geral, mas continuaria sendo o mesmo velho ser humano que mais cedo ou mais tarde iria produzir desequilíbrio e desarmonia em algum lugar e de alguma forma.

Para mim hoje - e isso é uma opinião estritamente pessoal - o que muda dentro é meditação e terapia. Aí talvez como um ser humano transformado e equilibrado eu tenha condições de viver em um mundo idealizado sem desequilibra-lo.

II.            Eu sou ovo-lacto-vegetariano.

E o sou não exatamente motivado pela violência contra os animais que o consumo de carne acarreta. Quanto á isso tenho minhas próprias opiniões que não vem ao caso aqui agora.

Quero aqui apenas manifestar minha estranheza quanto à incoerência que percebo quando vejo pessoas ovo-lacto-vegetarianas e lacto-vegetarianas bradarem panfletáriamente  contra a crueldade a que o consumo de carne acarreta aos animais.

Ok, concordo. Mas não me parece que os matadouros são os únicos locais onde é gerado o sofrimento animal.

Para produção de ovos e de laticínios muita manipulação e crueldade também é produzida.

A incoerência dos lacto-vegetarianos (que em geral tem um componente de um certo fanatismo religioso) me parece ainda maior, porque se por um lado ovos fecundados são pintinhos em potencial e ovos estéreis são menstruação galinácea, por outro lado para uma vaca dar leite precisa procriar, ou seja, se a cria nascida é bezerro macho vai para o abate, e quando a vaca declina em sua capacidade produtiva também vai para a degola.

Isso sem falar: que leite é alimento para lactantes e leite de vaca é para lactante bovino, que os hormônios e antibióticos presentes na rações estimulam a que aves e bovinos produzam muito mais ovos e leite do que seria natural segundo sua fisiologia, e isso sem falar também nas condições geralmente cruéis com que aves e bovinos são criados privados de sua liberdade e forçados a produzir como se fossem fábricas.

Então me parece que os únicos coerentes e realmente imbuídos de verdade em sua doutrinação vegetariana contra a crueldade animal são os vegans.

Essa mania que ser humano tem de pregar, de querer convencer e esfregar na cara do outro as suas verdades como se Deus o tivesse imbuído de alguma missão divina que o faz se sentir mais certo e mais bacana do que aquele que não segue as suas convicções.

Gente, a existência é muito mais complexa, desconhecida e imprevisível do que nos parece. A vida é um fenômeno multidimensional e sistêmico muito mais amplo e profundo do que as nossas mesquinhas e pobres avaliações de certo e errado e bem e mal podem imaginar e alcançar.

Vamos ser mais humildes e deixar que o outro seja o outro, parando de encher o saco do próximo com nossas certezas e julgamentos.

Não há nada errado acontecendo no planeta. Deus não errou nem se esqueceu de nós. 

Nem nós temos um livre arbrítrio tão enorme e poderoso que nos facultou destruir tudo à revelia da Inteligência Maior.

Pensa nisso.

III.           Depois das recentes pesquisas e descobertas em relação ao que poderíamos chamar de inteligência e sensibilidade dos vegetais – se bem que nem tão recentes assim pois o livro “A vida secreta das plantas” nos anos 70 já provava muita coisa - o argumento dos vegetarianos em geral (lactos, ovo-lactos e veganos) de que não devemos comer carne em função da crueldade e da morte a que submetem os animais, deveria ser repensada.

As plantas sentem e tem inteligência. Ponto. Não como um ser humano ou como um animal, claro, pois não são seres humanos nem animais, mas como seres vivos participantes da Grande Inteligencia Universal.

Por outro lado, é só, por exemplo, assistir Discovery ou National Geografic para perceber que na natureza vigora a lei do mais forte, vigora a lei do um come o outro, da cadeia alimentar.

Deveríamos então acusar uma leoa de cruel por estraçalhar “sem piedade” uma gazela? 

Ou acusar o gato de sádico por “brincar” e “torturar” um ratinho antes de mata-lo?

Será que a condição “superior” do homem autoriza-o a manipular, produzir em série e abater apenas os vegetais?

Então talvez o mais inteligente e coerente seria calcar a argumentação vegetariana na fisiologia humana e não em uma moral e ética discutível e sentimentalista.

O fato é que da mesma forma que a fisiologia dos carnívoros os habilita a matar e comer outros animais, a fisiologia do homem habilita-o a matar e comer vegetais.

O homem não é carnívoro nem tampouco onívoro. O homem é frugívoro.

E isto é zoológico e fisiológico.

Ou vamos calcar a argumentação vegetariana no fato de que o consumo da carne é uma das principais causas do desequilíbrio ambiental planetário, pois quanto a isso também existem muitas consistentes provas.

Então vamos nos alimentar do que nos cabe – os vegetais - sem precisarmos ter pudores com a morte, que é um fenômeno natural inerente à vida.

Nem o homem é superior aos outros seres vivos nem a morte é algo negativo.

A vida se alimenta da morte e a morte se alimenta da vida.

E isto é o equilíbrio ecológico.

ERNANI FORNARI