quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

SOBRE O AMOR INCONDICIONAL

SOBRE O AMOR INCONDICIONAL

Interessante como muita gente enche a boca para falar em nome de um “amor incondicional”.

A intenção em um nível mais superficial é muito bacana, mas o que percebo na grande maioria das vezes é que esse “amor incondicional” é como que um sobre-ego construído para compensar (e anestesiar) uma profunda dor, uma profunda cisão interna no Eu humano.

Aí eu me invisto dessas palavras bonitas e super aceitas pelo coletivo e dou, dou, dou, dou incondicionalmente, passando com um trator por cima de mim, na tentativa desesperada de ser aceito, amado e reconhecido e aí talvez possa receber, receber, receber (aquilo que eu acredito que não possuo) para embriagar a minha dor.

Infelizmente nossa cultura respalda essa doença, com a manutenção de velhas crenças - que muita gente boa alternativa e espiritualista engole e acredita – tais como : dar é mais nobre do que receber, fazer pelo outro é mais elevado que fazer por mim, fazer por mim é egoísmo, etc.etc.

Axiomas excelentes que igrejas e ditaduras sempre usaram para dominar e manipular.

Mas Cristo deixou bem claro o caminho : “Amai ao próximo COMO a ti mesmo” .

Não falou ANTES nem MAIS. Mas foi lido assim...

E aí só resta a máxima : Ninguém dá o que não tem!

Você ama incondicionalmente a você mesmo?

Se ama, ok, está coerente. Você é uma pessoa especial e que pode fazer real diferença no mundo.

Se não, você apenas fica alternando algumas personas internas que adoram este “serviço” doador (para poder receber em troca) : a prostituta, o vampiro, o escravo e o ladrão?

Qual dessas personas seu “amor incondicional” lança mão para seus intentos re-compensadores?

Qual destes personagens míticos alimentam sua “síndrome do salvador” ou sua obcessão em agradar sempre?

Além disso, você também se reconhece como portador da “síndrome do cachorro vadio” (que toma porrada, toma porrada e sempre volta)?

Para piorar mais, a religião ainda misturou se priorizar com egoísmo, auto valor com vaidade, pobreza com virtude, e por aí vai.

Galera, prá falar em nome do amor incondicional, vocês tem pelo menos que ter a estatura de um Chico Xavier, de um Dalai Lama ou de uma Madre Tereza.

Fora isso, amigos, é puro ego fake (geralmente muito estruturado) querendo compensar um ego profundamente machucado.

Então vamos ser mais humanos e humildes e aceitar com compaixão o nosso amor condicional, humano e ainda limitado.

Me lembro sempre do grande Bert Hellinger quando diz que : “Quem falou que filhos tem que amar os pais?”

O próprio mandamento diz HONRAR PAI E MÃE, não AMAR.

Ninguém ama quem o machuca, quem o oprime, quem o rejeita.

Claro, a não ser que você seja Madre Tereza ou masoquista.

Se o seu caso é a primeira opção, parabéns. O mundo está precisando muito de gente assim.

Se é a segunda opção, recomendo terapia. Urgente !



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