quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

SOBRE A "PALAVRA DE DEUS"

SOBRE A “PALAVRA DE DEUS”

Há algum tempo venho matutando sobre os cristãos usarem o termo “A palavra de Deus” para se referirem à Bíblia.

E o primeiro pensamento que sempre me vem à mente ao ouvir isso, é que, até onde eu saiba, Deus nunca desceu à Terra com papel e caneta para escrever alguma coisa.

Ok, tô sabendo, Deus se utiliza de pessoas especiais para se manifestar através delas, como por exemplo – no caso da Bíblia – aconteceu com Moisés (que serve tanto para os judeus quanto para os cristãos), com os profetas e com os apóstolos.

O segundo pensamento que me vem em seguida, é sobre o que me parece ser a característica mais evidente de Deus em sua Criação – a diversidade.

E Deus caprichou na diversidade. São incontáveis tipos de minerais, vegetais, animais e raças humanas (com seus absolutamente singulares rostos e impressões digitais).

Porque então esse Deus da diversidade, só no que se refere à religião, seria exclusivista?

Para mim, me parece totalmente infantil e ingênua a ideia de que uma única religião, um único livro sagrado ou um único “salvador” sirva para todas os inumeráveis povos e civilizações sobre a Terra, com sua imensa diversidade histórica, geográfica, cultural, antropológica e sociológica.

Então não parece muito mais óbvio e lógico que esse Deus da diversidade, respeitando essa imensa diversidade que Ele mesmo criou, se manifestasse e se revelasse indistintamente para TODAS as civilizações e culturas, respeitando suas características históricas, culturais, antropológicas, etc.etc.?

Se você não é fanático religioso e nem está preso na ilusão de que só a sua religião é que é a certa e a melhor, pode, com um pouco de informação, perceber que Deus se utilizou de pessoas especiais para se manifestar e se revelar, ao longo de toda a história da Humanidade.

E aí podemos ver Maomé com seu Corão (o Islamismo), Vyasa com os Vedas (o Hinduísmo), Lao Tsé com o TaoTeKing (o Taoísmo) e por aí vai. E estes são só alguns. Todas as religiões tem seus profetas, seus livros sagrados e seus salvadores.

Se você não é fanático religioso e nem está preso na ilusão de que só a sua religião é que é a certa e a melhor, pode, com um pouco de informação e estudo das outras religiões, comprovar que TODOS os livros sagrados falam a mesma coisa.
Se você conseguir ser aberto e souber separar a essência dos ensinamentos da práxis religiosa e dos contextos históricos, culturais e sociais característicos das épocas em que estes livros foram escritos, poderá facilmente perceber que eles falam absolutamente a mesma coisa.

Ou seja, TODAS as religiões falam a mesma coisa pelo simples fato de que o Deus de cada uma é o mesmo Deus, independentemente dos incontáveis conceitos teológicos existentes.

Veja por exemplo: compare os Dez Mandamentos (dos cristãos e judeus) com os Yamas e Nyamas (do Hinduismo) e com o Caminho Óctuplo de Buddha, e você vai ver que falam absolutamente a mesma coisa. E olha que são muitos séculos de distância entre uns e outros escritos.

E aí, podemos ver claramente, que as “guerras santas” e que as abundantes formas de preconceitos religiosos que acontecem desde sempre na história do homem sobre a Terra, tem suas origens (vendo aqui apenas os aspectos religiosos da coisa) no que há de menos importante nas religiões: “Meu Deus é mais verdadeiro que o seu deus”, “Minha escritura sagrada é mais sagrada do que a sua”, “Eu sou de Deus e você, de outra religião, é do Demônio”, “Só o meu salvador é que salva”, “Minha Terra Santa é mais santa do que sua”, e por aí vai...

Porque se você realmente ler com espírito aberto e com um olhar isento e inteligente todas as “palavras de Deus” das variadas religiões, vai ver que, na essência, no que é realmente relevante e fundamental para o ser humano, TODAS FALAM AS MESMAS COISAS.

E como insight final, sempre me vem o sentimento de como é difícil para o ser humano - mesmo professando e crendo em uma determinada religião, adotando determinada abordagem teológica – considerar que o outro que professa outro credo, que tem outra religião, também está tão certo quanto você e que a religião dele é tão boa e tão verdadeira quanto a sua.

Isso é inteligência e maturidade espiritual. Isso é compaixão. Isso é fraternidade.


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